ORAR PELA IGREJA, UMA CAUSA GLORIOSA!

Texto: Ef. 4:14-21
Por esta razão dobro os meus joelhos diante do Pai, de quem toda família no céu e na terra deriva seu nome: a família do Pai; (orando) PARA QUE, segundo as riquezas de sua glória, ele conceda que vocês sejam fortalecidos com poder, por meio de seu Espírito no homem interior, PARA QUE Cristo habite seus corações pela fé, A FIM de que vocês sendo radicados e fundamentados em amor, sejam fortalecidos juntamente com todos os santos, E COMPREEMDAM qual é a largura, o comprimento, a altura e a profundidade, e conhecer o amor de Cristo que excede o conhecimento A FIM que se encham de toda plenitude de Deus. Ora, àquele que é capaz de fazer infinitamente mais do que tudo que pedimos ou pensamos, conforme o poder que opera em nós, a ele seja a glória na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para sempre e eternamente. Amém.
Aspectos da Epistola aos Efésios:
Foi escrita por Paulo, cerca de 61 a 63 quando estava preso em Roma; ele chama a si mesmo de “o prisioneiro de Cristo”, “prisioneiro no Senhor” e “embaixador em cadeias”. Éfeso era a capital da província romana da Ásia, era a sede do culto a deusa Diana.
Mensagem: O que Deus fez por meio de Jesus Cristo e continua fazendo pelo seu Espírito ainda hoje, a fim de edificar uma nova sociedade – a igreja. Efésios é eclesiologia pura.
“Esta carta trata da igreja e do glorioso propósito de Deus para ela, nela e por intermédio dela”.
“Os grandes temas da fé cristã ornam esta epistola. Os capítulos mais destacados da soteriologia e da eclesiologia podem ser encontrados nessa obra prima do apostolo Paulo”.
Paulo lança as bases da doutrina nos cap. 1-3 e nos três últimos ele aplica a doutrina. Como diz Hernandes Dias, “A teologia é a mãe da ética”.
“Os crentes, na perspectiva de Paulo, pertencem a dois mundos (Fl.3:20). Da perspectiva temporal, pertencem a terra; mas espiritualmente vivem em comunhão com Cristo e, por conseguinte, pertencem a esfera celestial” (Ef.1:3). “Ele está no mundo, mas também está no céu”. Está em Cristo e por isso Ele a contempla como igreja glorificada assentada com Ele nas regiões celestiais; mas, ainda está em Éfeso, na terra e no mundo, por isso Ele está adornando-a como noiva Para apresentá-la a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível. (Efésios 5:27)
Aspectos da oração de Paulo:
“Essa oração é geralmente considerada a mais sublime, a de mais longo alcance e a mais nobre de todas as orações das epístolas paulinas, e possivelmente, a de toda a Bíblia”.
  •          O aspecto trinitário da oração: “O poder do Espírito Santo”, “O amor de Cristo”, “A plenitude de Deus”;
  •         Paulo ora pela igreja e não por ele. Paulo está preso, cheio de necessidades e passando por várias provações e privações em uma prisão domiciliar em Roma, mas ele não ora por ele, ora pela igreja; 
  •         Paulo tem uma causa. Qual é esta causa? Não é sair da prisão. Não é algo pessoal (3:1): conhecer o mistério revelado, o ministério de Paulo, o crescimento espiritual da igreja; 
  •         Paulo ora com reverência. Os judeus geralmente oram em pé, mas Paulo se põe de joelhos. 
  •         Paulo ora ao Pai de toda família, a igreja militante e a triunfante; 
  •         Paulo ora doutrinando e doutrina orando. ILUSTRAÇÃO (A.W. Tozer);
  •         Paulo faz pedidos específicos. Ver os termos: PARA QUE, E A FIM, E ...; 
  •         “Nessa oração cada petição são com degraus de uma escada, cada uma delas subindo mais, porém solidamente entrelaçadas na que veio antes”. Ou seja, a oração é ascendente, como se ele estivesse escalando em direção ao cume de um monte.
   Quais são os pedidos que Paulo faz?

  1.      Paulo intercede pedindo poder interior (16-17)
 A razão principal da oração de Paulo é que a igreja seja fortalecida com o poder do Espírito Santo.
 “A vida cristã, do início ao fim, é uma vida no Espírito Santo. Seria inconcebível ser cristão e falar em viver e crescer como cristão, sem o ministério gracioso do Espírito de Deus”. (Stott)
Paulo não está orando para o Espírito Santo salvar, pois se tratava de crentes que já tinha recebido o Espírito Santo e tinha o do Dom do Espírito Santo como a evidência da salvação (Rm. 8:9); mas ele ora para que eles tenham poder do Espírito que é a capacitação para a vida.
Quando Jesus estava para ser elevado ao céu, ele ordena aos seus discípulos que não saíssem de Jerusalém até que do alto fossem revestidos de poder. A vida cristã tem muito mais para ser buscado do que só a salvação eterna.
“Segundo as riquezas da sua glória”; Paulo já havia falado que em Cristo há “insondáveis riquezas”, e que este tesouro é porque “Deus é rico em graça e em misericórdia”. Os tesouros espirituais são insondáveis ao nosso conhecimento limitado, mas estão disponíveis para nosso crescimento. Assim, como por esses atributos preciosos divinos eles haviam sido salvos, também deviam se fortalecer dia a pós dia, e é por isso que mais adiante, nesta mesma epístola, ele ordena: “Enchei-vos do Espírito”.
“Para que Cristo habite”. Este ainda não se trata de um novo pedido, mas está interligado com o primeiro em que ele pede poder interior. Habitar aqui significa fazer morada, permanecer, não apenas visitar. Russel Shedd, comentando esse texto diz: “Significa tomar conta de toda a casa, tendo procuração ou autorização completa, de forma a poder fazer limpeza nas despensas se quiser, mudar a mobília como quiser, jogar fora o que quiser. Ele é o dono da casa”. A Bíblia explicada traduz esse texto assim: “Para que Cristo se sinta em casa”. “Isso significa um reinado de Deus completo em nossas vidas, cuja sede é o coração”.“Uma coisa é ter Cristo residente, outra coisa é tê-lo presidente” (Hernandes Dias Lopes)
“Venha o teu Reino; seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu”. (Mateus 6:10)
Examinai-vos a vós mesmos, se permaneceis na fé; provai-vos a vós mesmos. Ou não sabeis quanto a vós mesmos, que Jesus Cristo está em vós? Se não é que já estais reprovados. (2 Coríntios 13:5)
“Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo. (Apocalipse 3:20)

   2.      É uma oração por aprofundamento no amor fraternal (17b)
Paulo prossegue no propósito crescente da sua oração, pede para que os efésios subam outro degrau do seu crescimento, aprofundando em suas vidas a prática do amor.
E não podia ser diferente, pois “sem amor nada seremos”.
Hernandes Dias Lopes, citando John Stott, ao comentar este texto diz: Paulo usa duas metáforas para expressar a profundidade do amor: uma botânica, outra arquitetônica. Ambas enfatizando profundidade em contraste com superficialidade. Devemos estar tão firmes como uma árvore e tão sólidos como um edifício. O amor deve ser o solo em que a vida deve ser plantada; o amor deve ser o fundamento em que a vida deve ser edificada.
Uma árvore precisa ter suas raízes profundas no solo se ela quer encontrar provisão e estabilidade. Assim também é o crente. Precisamos estar enraizado no amor de Cristo.
A parte mais importante num edifício é o seu fundamento. Se ele não cresce para baixo solidamente, ele não pode crescer para cima seguramente. As tempestades da vida provam se nossas raízes e se os fundamentos da nossa vida estão profundos (Mt 7:24-29).
O amor é a principal virtude cristã (1 Co 13). O amor é a evidência do nosso discipulado (Jo 13:34,35). O amor é a condição para realizarmos a obra de Deus (Jo 21:15-17). O amor é o cumprimento da lei. O conhecimento incha, mas o amor edifica (1 Co 8:2).
O amor fortalece a comunhão, a unidade e une as diferenças sociais, étnicas e culturais. Por isso, ele acrescentou: sejam fortalecidos juntamente com todos os santos”.

   3.      É uma oração por compreensão do amor de Cristo (18,19)
A ideia central dessa petição provém de dois termos: compreender e conhecer. A primeira sugere compreensão intelectual, significa literalmente “apanhar mentalmente com firmeza”, agarrar-se a algo com a mente”, “apreender”. Representa apossar-se de alguma coisa, tornando-a sua propriedade; Mas o verbo conhecer refere-se a um conhecimento alcançado pela experiência. Portanto, a súplica implica em que os crentes tenham um conhecimento objetivo do amor de Cristo e uma profunda experiência nele. 
Paulo ora que possamos compreender o amor de Cristo em suas plenas dimensões: qual a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade. A referência às dimensões tem o propósito de falar da imensidão desse amor. A largura, o comprimento, a altura e a profundidade. Não se trata da porção, mas da proporção do amor.
Largura – para abranger a todos sem acepção de pessoas; Comprimento – eternidade do amor de Deus (Jr. 31:3); Profundo – Para alcançar o mais miserável pecador; Altura – Para nos elevar até o céu.
E conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento...” (19)
O amor de Deus é singular,
Ninguém jamais pode explicar.
É bem mais vasto que o céu
É mais sublime alem do véu.

Aos nossos pais que transgrediram
Deus prometeu-lhes Jesus.
Que amor sem par eles ouviram,
lindas promessas da Cruz.

Coro:
O amor de Deus tão rico e puro,
Ao homem vil salvou.
E na paz sem fim e bem seguro,
Ao céu de luz eu vou.

Se os mares fossem tintas,
E o céu sem fim fosse papel,
E as aves todas fossem penas
E os homens todos escrivãos
Nem mesmo assim o amor seria
Descrito em seu fulgor
Oh maravilha deslumbrante
Deste eternal Senhor

O deleite do crente, deve ser a meditação diária e contínua do grande amor de Deus por nós. Contemplar o amor de Deus é ir além de um simples conhecimento intelectual, é se maravilhar no grandioso amor, demonstrado na cruz quando éramos seus inimigos, e agora fomos reconciliados com Deus. Esse amor “excede nosso entendimento”, isto é, “ultrapassa o entendimento”. é um mar que nunca acaba, é inesgotável.
“À medida que aplicamos nossas mentes para isto, veremos aumentar o nosso amor por Cristo” (Lloyd-Jones). 
Paulo está para fazer uma ligação entre os capítulos 1-3 com os cap. 4-6, doutrina e pratica, e o motivo que leva a prática cristã é o amor de Deus, por nós.
   4.    Paulo intercede pela plenitude de Deus (19)
Paulo conclui, chegando ao ultimo degrau da oração: A FIM que se encham de toda plenitude de Deus”.
Os efésios, na sua maioria, “gentios na carne, e chamados incircuncisão pelos que na carne se chamam circuncisão feita pela mão dos homens; ...estavam sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo.
Mas agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto. (Ef. 2:13-14); mas, “Paulo ele quer que eles não fiquem apenas nesse nível, ou nos níveis anteriores, mas que eles subam mais um degrau, cresçam mais espiritualmente. ele quer que eles saibam que existem possibilidade maiores, mais altas, infinitas e não somente isto, quer que eles participem delas”. Ainda temos lugar para crescer mais.
Então ele ora: “A FIM que se encham de toda plenitude de Deus”. Se encham não de um pouco de Deus, se encham não de Deus, mas “A FIM que se encham de toda plenitude de Deus”.
O que significa ser cheio de toda plenitude de Deus? John Stott responde com desta forma: “Plenitude é a capacidade que temos de ficar cheios de Deus até o limite, sem deixarmos de permanecer humanos”.
  •        Não é se tornar ilimitado ou pleno como Deus. Não é atingir o nirvana, como dizem os budistas, não é se tornar um pequeno Deus, como afirma a ciência cristã, de onde veio à confissão positiva, não é panteísmo – tudo é Deus. 
  •        É ser cheio do Deus triuno: do Pai (3:19); do Filho (1:23) e do Espírito Santo (5:18); 
  •            É ser cheio do amor de Deus e de todos os seus atributos comunicáveis, exemplificados no fruto do Espírito (Gl.5:22);
  •       É Cristo habitar e ser o centro das nossas vidas a ponto do caráter dele ser formado em nós (Gl.4:19), “até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo” ... (Efésios 4:13-15);
  •       É ser cheio (pleroma) do Espírito Santo (Ef. 5:18);
“Ser cheio do Espírito Santo não significa você ter mais de Deus, mas Deus ter mais de você”.
  •      Ser cheio de toda plenitude de Deus, significa sermos vazios de nós mesmos.

“Já estou crucificado com Cristo; e vivo não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vive-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim”. (Gálatas 2:20);


Isso tudo não é uma utopia, oração sem fundamento, que ficará sem resposta. A certeza de que sua oração será ouvida e os resultados virão em forma como resposta à sua oração é que vem na conclusão da oração do apóstolo Paulo...

CONCLUSÃO
“Ora, àquele que é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera” A capacidade de Deus de responder às orações é declarada pelo apóstolo de modo dinâmico numa expressão composta com sete etapas, segundo Stott:
Deus é poderoso para fazer – Pois ele não está ocioso, nem inativo nem morto. Deus é poderoso para fazer o que pedimos – Pois escuta a oração e a responde. Deus é poderoso para fazer o que pedimos ou pensamos – Pois lê os nossos pensamentos. Deus é poderoso para fazer tudo quanto pedimos ou pensamos – Porque sabe de tudo e tudo pode realizar. Deus é poderoso para fazer mais do que tudo que pedimos ou pensamos – Pois suas expectativas são mais altas do que as nossas. Deus é poderoso para fazer muito mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos – Porque a sua graça não é dada por medidas racionadas. Deus é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos – Pois é o Deus da superabundância.
Contudo não responde o que queremos receber, mas o que glorifica o seu nome. Pois um crente que está se esforçando para subir estes degraus de crescimento, orará a Deus dizendo: 

DOXOLOGIA
A ele seja a glória na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para sempre e eternamente. Amém.
“O profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos! Porque quem compreendeu a mente do Senhor? ou quem foi seu conselheiro? Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado? Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém. (Romanos 11:33-36)

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