ONDE DEUS ESTÁ QUANDO AS TRAGÉDIAS ACONTECEM?


Jó 1
Onde estava Deus no dia 07 de abril deste ano (2011)? Onde estava Deus no momento da tragédia de Realengo quando o atirador Wellington Menezes de Oliveira atirou contra vários alunos de uma Escola Pública daquele bairro matando 12 crianças e deixando outras feridas?
Arnaldo Jabor, comentarista do jornal da Globo, disse que no crime cometido por Wellington Menezes de Oliveira, “Deus estava ausente.”
Diante de tragédias como assassinatos, de tsunamis, terremotos e maremotos, surge sempre a pergunta na mente até mesmo dos mais crentes em Deus?
_ Se Deus é soberano por que ele permite tamanhas atrocidades acontecerem?
“As tragédias são uma realidade inevitável na história humana. Há aquelas que são naturais, há as que são sobrenaturais, e as que são provocadas pela maldade humana. Porém, em ambas as situações, sempre surge a pergunta: Porque Deus permite?”
Algumas verdades que precisam ser observadas diante das tragédias:
1. As tragédias são consequências do pecado da humanidade.
Quando nos referimos a “consequências do pecado” não estamos nos referindo apenas ao pecado daquelas pessoas que foram vítimas da tragédia, mas do pecado que afetou toda raça humana, o pecado original cometido por Adão e Eva.
Como diz Hernandes Dias Lopes: “O pecado entrou no mundo e atingiu não apenas o homem, mas também a natureza. Em vez de cuidar da natureza, o homem passou a depredá-la. Em vez de ser mordomo da criação, o homem tornou-se seu algoz”.
Por essa razão o profeta pergunta: “De que se queixa o homem? Queixe-se dos seus próprios pecados”!
A maldade do coração do homem não foi colocada lá dentro por Deus, mas, quando Adão e Eva pecaram eles deram lugar para que o mal entrasse e denegrisse a bondade que Deus havia colocado em seus corações. Suscetível ao mal, vemos a primeira tragédia acontecer logo no início da criação. Caim matou Abel. Creio que se Adão tivesse perguntado a Deus: “Deus onde tu estavas que não guardaste meu filho?” Deus teria respondido: “Adão, o salário do pecado é a morte.” Eu disse que se vocês comessem do fruto do conhecimento do bem e do mal, a morte viria. Mais adiante Deus viu que a maldade era tão grande no coração humano que Ele próprio mandou uma tragédia sobrenatural – o Dilúvio, e destruiu toda raça humana, salvando somente Noé e sua família.
Infelizmente as consequências do pecado podem fazer vítimas como as crianças da escola de Realengo. Até o Senhor Jesus, quando se fez homem e levou os nossos pecados foi experimentou o sofrimento. Ele mesmo disse: “No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu vendi o mundo” (João 16:33)
2. Deus está presente mesmo que isso não seja percebido e aceito por nós.
“Os acontecimentos no mundo nunca estão fora do controle de Deus. Ele tem todo poder para dirigir os acontecimentos no universo”.
As Escrituras nos ensinam que Deus é soberano e que tem o controle de todas as coisas em suas mãos. O mundo não está à deriva como uma carruagem desgovernada. Deus tem as rédeas da historia em suas mãos. “Ele é o Rei dos reis, o Senhor dos senhores, o Altíssimo Deus. A Ele pertence todo poder e toda autoridade para fazer o que lhe agrade em cima nos céus e em baixo na terra. O mundo e tudo que nele há é o Seu mundo e que toda criatura existente neste mundo está debaixo de domínio e poder.”
Deus não é pego de surpresa como afirmam os defensores da teologia relacional. Pois de acordo com essa nova teologia, conhecida também como teísmo aberto, “nem mesmo Deus tem o controle desses fenômenos, ele é tão surpreendido como nós quando essas tragédias desabam sobre nós”.
Mas, o Deus da Bíblia é o Onipresente, Onisciente e Onipotente. Ninguém pode impedir o seu agir, nem perguntar o que ele fez. Mesmo quando ocorrem tragédias, vidas inocentes são tiradas ou mutiladas, Deus permanece no controle. Nada acontece sem sua permissão ou determinação. “Não cai uma folha sem a sua permissão”, “ele sabe quantos fios de cabelo existe em cada cabeça”, “conhece todas as estrelas e as chama pelo seu nome”, “sabe todos os nossos dias, antes mesmos de nascermos”, viu os nossos ossos quando eles ainda não haviam sido formados”.
Ele está presente e está no controle de todas as coisas boas e ruins que acontecem no mundo, mesmo que isso, aos nossos olhos não seja perceptível ou compreensível.
Certa vez uma mãe desesperada porque havia perdido o filho perguntou ao pastor: “Onde estava Deus na hora que meu filho morreu?” O Pastor respondeu: “No mesmo lugar onde o seu Único Filho estava quando morreu por nós” Ele não poupou o seu próprio Filho do sofrimento.
“Ele não nos livra da tempestade, ele nos livra na tempestade”.
3. Deus tem propósitos naquilo que ele faz ou permite acontecer.
“Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus e são chamados segundo o seu propósito”. Esta é uma verdade que está entrelaçada com as tragédias da vida. Deus tem propósitos para nossas vidas como seus eleitos e para a vida do mundo que ainda não o conhece e mesmo daqueles que nunca irão conhecer.
Do nosso ponto de vista, da nossa perspectiva parece não haver sentido algum quando as coisas acontecem e o mundo vira um caos. Nós não sabemos o porquê nem para quê, mas Deus sabe. Ele tem um propósito especifico.
3.1. Deus usa as tragédias da vida para nos ensinar lições importantes. O sofrimento, às vezes é pedagógico. Se soubermos tirar lições diante das tragédias elas não serão vistas como algo sem propósito. Quando Jó chegou ao final de suas tragédias, ele disse: “Antes eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te vêem”.
3.2. Deus usa as tragédias da vida para despertar o mundo distante dele. Elas servem de alerta de Deus para nós. Como disse C.S.Lewis: “a dor é o megafone de Deus para despertar uma geração adormecida.”
São um alerta de Deus e um chamado para o arrependimento. Como diz Hernandes Dias Lopes, “Quando as trombetas de Deus tocam, seus efeitos se fazem sentir na terra, nos mares, nos rios, nos astros e sobre os homens”. “Precisamos aprender a ler as placas de Deus”.
“Deus tem seus caminhos na tormenta”.
Quando não entendemos ou não aceitamos os propósitos divinos nossa atitude é questionar a Deus. Jó e seus amigos fizeram inúmeras perguntas a Deus.
“Jó, na sua angústia levou aos céus 16 vezes a pergunta: POR QUE.
a)Por que estou sofrendo
b)Por que perdi meus filhos
c)Por que Deus não responde minhas orações
d)Por que perdi meus bens
e)Por que meu casamento acabou
f)Por que meus amigos me acusam
g)Por que Deus não me mata
Jó estava cheio de queixas. Ele levantou 34 queixas contra Deus.
Deus não respondeu as perguntas, mas fez cerca de setenta perguntas a Jó:
Onde estavas tu quando eu lançava os fundamentos da terra
Onde estavas tu quando eu espalhava as estrelas no firmamento.
Onde estavas tu quando eu punha limite nas águas do mar.
Deus mostrou para Jó sua soberania.
Quando não pudermos entender o que Deus está fazendo: podemos saber que ele está no controle e é nosso Pai”. (Hernandes Dias Lopes)
“Se não é possível entender os seus propósitos, podemos, no entanto, ser confortados com a certeza bíblica de que Deus tem um propósito”, e como disse Jó, também, podemos afirmar: “bem sei que tudo podes e nenhum dos teus planos podem ser impedidos.”
4. Devemos ter esperança em meio às tragédias da vida
Tem um dito popular que diz que “a esperança é última que morre”, mas para o crente ela jamais morre. “O Justo mesmo morrendo tem esperança” (Pv. 14:32). “As veredas do justo são como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito”.
Em meio às tragédias enfrentadas por Jó ele, mesmo quase sem esperança, ainda foi esperançoso. Ele disse: “Quem me dera agora, que minhas palavras se escrevessem! Quem me dera que se gravassem num livro! E que, com pena, e com chumbo, para sempre fossem esculpidas na rocha! Porque eu sei que o meu redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra. E depois de consumida a minha pele, ainda em minha carne verei a Deus”.
Não poderíamos nem imaginar o que seria enfrentar as tragédias sem termos esta esperança. Esperança de que ainda que passemos pelo vale da sobra da morte ele sempre estará conosco nos consolando. A esperança de que nossa morada não é aqui, e que as aflições deste tempo presente não se comparam com a glória que há de ser revelada. Esperança de que ainda que este tabernáculo mortal se desfaça temos uma morada eterna nos céus.
O apostolo João estava vivenciando momentos de tragédias. Mas, a visão que ele recebeu foi consoladora para ele e ainda o é para nós. Ele disse que ouviu uma grande voz do céu, que dizia: “Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles, e será o seu Deus. E Deus limpará dos seus olhos toda lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas.”
Precisamos olhar para as tragédias da vida com os olhos da fé. Não devemos fazer especulações sobre o porque das tragédias, antes devemos reconhecer que como seres humanos estamos sujeitos as mesmas paixões e as mesmas consequências que toda humanidade sofre por causa do pecado. Mas, entender que Deus não está ausente nestas horas. Ele é soberano e está no controle. E se ele está no controle ele tem um propósito em tudo que acontece. Devemos, portanto ser confortados e ter esperança em saber que todas as coisas cooperam para o nosso bem.
“Então Jó se levantou, e rasgou o seu manto, e raspou a sua cabeça, e se lançou em terra, e adorou, e disse: Nu saí do ventre de minha mãe, e nu tornarei para lá; o Senhor o deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor”.