A IGREJA, O EXÉRCITO INVENCÍVEL DE DEUS



Texto: Mt. 16. 13-20


Introdução:
Gostaria de iniciar lendo um relato sobre a perseguição aos cristãos na China:  ‘Corria os turbulentos anos da "Revolução Cultural" na China, implementada por Mao-Tse Tung.  Um grupo de cristãos se reunia clandestinamente para adorar ao seu Senhor e compartilhar a sua fé. De repente, o culto foi interrompido por soldados chineses.  De modo truculento, eles retiram as Bíblias das mãos dos crentes ali presentes, amontoando-as no chão.
Um dos soldados, então, ateou fogo naquele punhado de Bíblias, enquanto os outros soldados fizeram um círculo ao redor da fogueira para impedir que alguém chegasse aos livros.
Uma triste expressão havia no rosto daqueles irmãos, que se recusavam a aceitar às pressões do governo para negar a própria fé. O som do crepitar da fogueira se misturava aos gemidos incontidos de alguns. Aquelas folhas, que continham palavras de vida eterna e perdão, agora viravam cinzas diante dos olhos pesarosos dos irmãos.
Foi então que um jovem cristão, ali presente, tomou uma ousada e arriscada decisão.  Ele se esguiou-se por entre os soldados e corajosamente enfiou a mão na fogueira para ver se conseguia salvar algum exemplar do livro sagrado. Só conseguiu pegar uma única página. Os soldados tentaram prendê-lo, mas ele conseguiu se desviar de todos e despareceu na noite.
Dias depois, o jovem reapareceu com o troféu: uma única página chamuscada das Escrituras Sagradas. A igreja se reuniu novamente e só um texto poderia ser lid
o, àquele contido na página trazida pelo jovem crente. Um líder da comunidade, então, tomou a página em suas mãos e fez a leitura do texto que ainda podia ser lido. E o texto dizia assim: "Mas vós, continuou ele, quem dizeis que eu sou? Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.  Então,  Jesus lhe afirmou: Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que está nos céus. Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela." (Mateus 16:15-18).
No decorrer do século passado (Sec. XX) centenas de missionários foram expulsos da China. Outras centenas de líderes foram presos. Jiang Qing, esposa de Mao-Tse Tung, chegou a declarar: "O Cristianismo na China foi colocado num museu. Não existem mais cristãos na China".
Mas, apesar disto a igreja continuou firme. Na metade do século passado estimava-se em 750 mil o número de cristãos na China. Em 1983, eram cerca de 50 milhões e hoje se estima que na China exista aproximadamente 130 milhões.

Ao lermos esta história, podemos perceber que ninguém pode for fim a igreja. Ninguém pode destruir, nem vencer este exército, chamado de “Igreja do Deus Vivo”.
É pensando dessa forma que quero refletir sobre o seguinte tema: A igreja o exército invencível de Deus!

Elucidação
      O texto que lemos foi escrito pelo Evangelista Mateus, um judeu, também chamado Levi (Mc2:14), que antes de ser chamado para seguir a Jesus e posteriormente ser um dos doze, foi um coletor de impostos (publicano), trabalhava para o governo romano (Mt.9:9).
      O Evangelho de Mateus foi escrito entre os anos 60-70 a. C. Isto é, antes de Jerusalém ter sido invadida e os judeus expulsos pelo general Tito.
      O ministério do apóstolo Mateus, após a ressurreição de Jesus e o Dia de Pentecoste foi voltado, durante muitos anos, para pregar o evangelho aos judeus que viviam na região da Palestina, por isso, o seu Evangelho foi escrito inicialmente para os judeus.
      O propósito deste Evangelho é apresentar o homem chamado Jesus de Nazaré, como o Messias prometido. Mateus visava responder as indagações dos judeus sobre quem é Jesus? Nesse Evangelho Jesus é apresentado como o “Rei dos Judeus”, o Messias, ou o Cristo, e a palavra chave para a compreensão do livro é “reino dos céus”. Os judeus esperavam pela vinda do Messias, que seria Rei em Israel. Mas, na mentalidade escatológica predominante na época o Messias seria um rei político, que enfrentaria o domínio de Roma, venceria os soldados romanos e se assentaria no trono de Davi para reinar sobre os judeus. Por isso, que há questionamentos a cerca da pessoa de Jesus. Quem é este que cura os enfermos? Quem é este que expulsa os demônios e os mesmos se submetem a sua autoridade? Quem é este que até o mar e o vento lhes obedecem? Por ventura é ele o Cristo?
A cada novo milagre sua fama ia se espalhando e ao mesmo tempo a fúria dos fariseus também ia aumentando. Por um lado as pessoas queriam aclamá-lo rei, e por outro os fariseus procuravam mata-lo. Diante deste cenário que não correspondia com a missão de Jesus, ainda não tinha chegado o momento de ser crucificado e também não veio para estabelecer um reino deste mundo, mas o reino dos céus no coração das pessoas, ele decide se retirar para fora do território dos judeus. Ele vai para Cesária de Felipe, território de gentios, onde os fariseus não se atreveriam a ir procura-lo. Mateus é o evangelista que mais fala sobre os gentios.
Nesse momento Jesus questiona os discípulos com duas perguntas, segundo o texto que acabamos de ler (Ler o texto): Que dizem o povo ser o Filho do Homem? Mas, vós quem dizeis que eu sou?

Observe que pela primeira vez a palavra “Igreja”, eklésia, aparece no NT, quando Jesus disse a Pedro: “Sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”. Jesus veio formar uma nova sociedade, chamada igreja. Esta palavra embora nova nos ensinos de Jesus não era desconhecida pelos judeus, pois segundo a Septuaginta, a tradução do Antigo Testamento para língua grega, esta mesma palavra era aplicada a Israel. Mas, observe ainda que ele diz no verso 19: “Dar-te-ei as chaves do reino dos céus”.  Não sei qual a atitude dos apóstolos diante disto, mas o fato é que, mesmo sendo algo confuso para um judeu poder compreender, a notícia era boa. Jesus não estava afirmando que ia reinar literalmente em Israel como os judeus esperavam, inclusive os apóstolos, mas, ele falou algo como chamar as pessoas, reunir estas pessoas, edificar sobre ele, e dar chaves, significando autoridade, poder de decidir quem entra ou quem sai deste Reino.
A coisa estava indo bem, até que Jesus faz uma declaração que deixou os apóstolos atordoados: “Desde este tempo começou Jesus Cristo a mostrar a seus discípulos que lhe era necessário seguir para Jerusalém e sofrer muitas coisas dos anciãos, dos principais sacerdotes e dos escribas, ser morto e ressuscitado no terceiro dia. E Pedro, tomando-o de parte, começou a repreendê-lo, dizendo: Senhor, tem compaixão de ti; de modo nenhum te acontecerá isso. Ele, porém, voltando-se, disse a Pedro: Para trás de mim, Satanás, que me serves de escândalo; porque não compreendes as coisas que são de Deus, mas só as que são dos homens” (Mt.16:21-23).
Apesar dos ensinos de Jesus, por três anos consecutivos muitas verdades sobre a Pessoa de Jesus, sobre seu Reino ou sobre sua Igreja, só foram desvendadas depois da ressurreição de Jesus e do dia de Pentecostes, quando o Espírito Santo foi derramado sobre suas vidas.
No entanto, hoje podemos olhar para estes fatos e ver se cumprir o que Cristo disse sobre a sua Igreja: As portas do inferno não prevalecerão, contra ela. A igreja é indestrutível; a Igreja é invencível!

O.I.: Quais as razões para afirmarmos isto?

1.                  A igreja é fruto de uma soberana e eterna escolha divina (17):
“Disse-lhe Jesus: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelou, mas meu Pai, que está nos céus”.
Esta é a principal, dentre muitas razões, porque a Igreja é invencível: não foi o homem que inventou a Igreja, foi Deus. A igreja não é uma mera instituição projetada pelo homem, ela foi planejada por Deus, e isto a contar desde os tempos eternos.
Jesus está dizendo para Pedro que “não foi carne e sangue, que revelou a ele”, ou seja, “a mera percepção humana, intuição ou tradição meramente humana jamais produziria no coração e na mente desse discípulo a visão dessa sublime verdade que ele acabara de professar de forma tão gloriosa”. Não se trata aqui de uma declaração acadêmica sobre a identidade de Cristo, mas uma genuína confissão de fé pessoal de Pedro, que confessou que Jesus é o Cristo, o Filho do Deus vivo.
A razão por que não depende da capacidade humana é por causa do pecado. O homem está morto em delitos e pecados, e por si só não tem condições alguma de dar um passo em direção a Cristo, a menos que em sua mente tenha resplandecido a luz do Evangelho de Cristo, pois como diz Paulo: “Assim, pois, isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que se compadece” (Romanos 9:16)
O apóstolo Paulo, em Efésios 1. 3-5 diz: “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestes em Cristo; como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante dele em amor; e nos predestinou para sermos filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade...”.
O próprio Senhor afirmou: “Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus”. (João 1:13)
“Não fostes vós que escolhestes a mim, pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros” (Jo.15:16) Ele disse ainda: “Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou o não trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia” (João 6:44). “Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora” (João 6:37).
A questão não é se estamos na igreja, ou se escolhemos a igreja certa. É se estamos em Cristo. “Não existe uma Eclesiologia desligada da Cristologia...”

Quando falamos em igreja, não estamos falando das denominações, das igrejas locais ou das instituições que se dizem igrejas. Há muitas por ai se autodenominando de “igreja”, mas são sinagogas de Satanás. 
Já que falamos tanto em Igreja, mesmo sendo um termo conhecido, mas é bom darmos uma definição de igreja:
Podemos definir a Igreja como sendo a comunidade de pecadores regenerados, que pelo dom da fé, concedido pelo Espírito Santo, foram justificados, respondendo positivamente ao chamado divino, o qual fora decretado na eternidade e efetuado no tempo, e agora vivem em santificação, proclamando, quer com sua vida, quer com suas palavras, o Evangelho da Graça de Deus, até que Cristo venha”.

2.      A igreja está firmada em Cristo (18a) 
A igreja não apenas é formada por meio de uma escolha divina, como também tem como fundamento e edificador o Senhor Jesus Cristo.
Jesus disse a Pedro: “A ti te digo, que tu és Pedro, e sobre esta rocha, edificarei a minha igreja” (18).
Fica então uma pergunta: Quem é a pedra, sobre a qual a igreja está edificada?
“A Igreja Católica ensina que nosso Senhor conferiu a São Pedro o lugar de honra e jurisdição no governo de toda sua igreja, e que a mesma autoridade sempre residiu nos papas, ou bispos de Roma, como sendo os sucessores de São Pedro”. De onde surgiu esta interpretação? Isto está baseado em alguns fatos: primeiro que Jesus diz a Pedro: “tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja”; segundo, Jesus faz um trocadinho com o nome Pedro e pedra, petros e petra, ou kepha, (Cefas) no aramaico, significam “pedra”; Pedro tinha uma liderança sobre os demais apóstolos, vista nas atitudes depois do dia de Pentecostes; por último de acordo com a tradição, Pedro se tornou o Bispo de Roma e ali teria morrido. O grande problema nessa interpretação é que não tem respaldo no restante das Escrituras, nem na história da Igreja, sobre essa escolha de Jesus para que Pedro fosse o líder maior, ou o Papa, dando início a uma sucessão apostólica.
Os grandes intérpretes da Bíblia alertam para o perigo da exegese com base no estudo da palavra isolada (etimologia), principalmente quando esta palavra tiver muitos sinônimos.
A melhor maneira de interpretar este texto corretamente é fazendo uma analogia das Escrituras, onde a Escritura interpreta a própria Escritura, nos ajudando a interpretar textos obscuros, à luz de outros textos mais claros.
Portanto, vejamos o que a Bíblia diz quanto ao fundamento da Igreja:  
·           Em 1 Co. 3:11, Paulo diz: “Porque ninguém pode por outro fundamento além do que já está posto, o qual é Cristo”; (Quando um grupo dizia: Eu sou Pedro...);
·           “Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina” (Ef.2:19).
·           Em Colossenses Paulo diz: “Como, pois recebestes o Senhor Jesus, assim, também andai nEle, arraigados e edificados nEle e confirmados na fé, assim como fostes ensinados, crescendo em ação de graças”. (Cl.2.6,7).
Mas, é o próprio Pedro que reforça a tese de Cristo, como a Pedra sobre a qual a igreja está edificada:
·         “Ele é a pedra que foi rejeitada por vós, os edificadores, a qual foi posta por cabeça de esquina. E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos” (Atos 4:11-12)
·         "Chegando-vos para ele, a pedra que vive, rejeitada, sim, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo. Pois está na Escritura: Eis que ponho em Sião uma pedra angular, eleita e preciosa; e quem nela crer não será de modo algum envergonhado. Para vós outros, portanto, que crerdes, é preciosidade; mas para os descrentes, a pedra que os construtores rejeitaram, essa veio a ser a pedra principal, angular." (I Pe.2.4-7)
Portanto Cristo é Pedra. A Igreja não é de Pedro. A Igreja é de Cristo. Cristo disse: “Edificarei a minha Igreja”. “Ele é a cabeça do corpo, a igreja” (Cl.1:18), a igreja não é propriedade homem, nem da denominação, não é de apostolo, de bispo, pastor, presbítero ou fundador. A igreja é de Cristo. “Minha igreja”, disse Ele; igreja que “comprou com o seu próprio sangue” (At. 20.28).
 Uma igreja local, do ponto de vista visível, pode até se extinguir. A igreja pode passar por momentos sombrios, de densas trevas, como na Idade Média, mas a Igreja de Jesus, a que é invisível ao olho humano, ela sobrevive vitoriosa.

3.      A igreja está protegida por Cristo (18b)
“… e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mateus 16.18).
William Hendriksen comenta este texto da seguinte maneira: “Portas do inferno, por metonímia, representa Satanás e suas legiões a irromperem-se pelas portas do inferno, a fim de assaltar e destruir a igreja”.
Desde o seu início a História da Igreja enfrenta essa fúria infernal de Satanás contra o povo de Deus. Satanás tem se valido de pelo menos, três meios para atacar a Igreja de Jesus:
Primeiro, ele tem usado a força da perseguição física aos cristãos. A igreja nasceu debaixo de fortes perseguições e até vem enfrentando os ataques dos seus opositores humanos e espirituais. Mas, quanto mais a igreja é perseguida, mas ela cresce, e com qualidade. “Talvez o cristianismo não se expandisse de maneira tão bem-sucedida, caso o Império Romano não tivesse existido. Podemos dizer que o império era um tambor de gasolina à espera da faísca da fé cristã”.
Tertuliano, escritor cristão do século II, disse: "O sangue dos mártires é a semente da igreja".
Ilustração: Pedido de oração pela perseguição na China.
Em segundo lugar, ele tem combatido contra o povo de Deus com heresias devastadoras contra os alicerces da fé; A igreja não deve temer a perseguição; ela temer a apostasia. Hoje, não existe perseguição aos cristãos no Brasil, porém a grande ameaça para Igreja brasileira são os falsos ensinos. Estamos vivendo uma era de apostasia sem precedentes na história da Igreja. O misticismo pagão tem adentrado pela porta não só de igrejas neopentecostais, ou pentecostais, mas em muitas igrejas chamadas históricas. Pastores entrando em charcos de lama, em rios poluídos, fazendo da fé um comércio, do púlpito um balcão de negócios, do evangelho um produto e das pessoas os clientes, ou consumidores. 
Terceiro, ele tem atacado na área moral com pecados sexuais, com corrupção material e com soberba no coração. Escândalos e mais escândalos acontecendo!
Mas, a promessa do Senhor é que a Igreja é vitoriosa. “A igreja não caminha vitoriosamente à parte da assistência e proteção de Cristo. Ele disse: Os inimigos da igreja são muitos e perigosos, mas Jesus é o nosso escudo e protetor. Ele é o general desse glorioso exército que caminha triunfantemente rumo à glória”.

4.      A igreja é embaixadora de Cristo na terra (19)
Segundo a interpretação feita por Champlin, ele diz: “As chaves simbolizam o poder e a autoridade; Cristo tem um Reino, o reino dos céus, e a chave para abrir a porta do Reino é a proclamação do Evangelho, a proclamação de que Jesus é o Cristo, o Filho do Deus vivo... aquele que tem a chave do reino dos céus, determina quem deve ser admitido e a quem se deve recusar admissão”.
O catecismo de Heidelberg, Dia do Senhor 31, P.83.:  O que são as chaves do reino do céu?
“A pregação do santo evangelho e a disciplina eclesiástica. É por esses dois meios que o reino do céu se abre para os que crêem, e se fecha para os incrédulos.
P.84. Como se abre e se fecha o reino do céu pela pregação do evangelho?
R. De acordo com o mandamento de Cristo, o reino do céu se abre quando se proclama e se testifica de público a todo o crente — individual ou coletivamente — que Deus perdoou de fato a todos os seus pecados por causa dos méritos de Cristo, sempre que aceitam a promessa do evangelho com fé verdadeira. O reino do céu se fecha quando se proclama e se testifica a todo os incrédulos e hipócritas que, enquanto não se arrependerem, a ira de Deus e a condenação eterna repousam sobre eles. Segundo esse testemunho do evangelho, Deus os julgará tanto nessa quanto na vida porvir”.
Pedro teve o privilégio de abrir a porta do reino de Deus quando pregou no Dia de Pentecostes (At.2), quando pregou para os samaritanos (At.3) e para os gentios (At.10). Mas esse privilégio não é só de Pedro, ele foi “o primeiro entre os iguais”. Jesus escolheu a igreja como agência dele na terra e comissionou a todos para proclamar o evangelho de Cristo em todo mundo: “E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o poder no céu e na terra. Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém”. (Mt.28:18-20); “Eu vos escolhi e vos designei para que vades e deis frutos”; “Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1 Pedro 2:9).

Conclusão
A era apostólica passou; os pais da igreja também passaram; os reformadores, os puritanos os avivamentos todos passaram. As denominações passam ou mudam com o tempo. Os irmãos que fundaram esta igreja, já passaram ou hão de passar. Mas, a promessa de Cristo continua de pé. Ele não permitirá que a igreja seja destruída, mas ela continuará avançando pelo território do inimigo. 
1. A igreja é fruto de uma soberana e eterna escolha divina (17); 2. A igreja está firmada em Cristo (18a) 3. A igreja está protegida por Cristo (18b) 4. A igreja é embaixadora de Cristo na terra (19)


A MENSAGEM DA CRUZ

I Co.1:18-25; 2:3
Introdução:
O Evangelho (Grupo Logos)

Eu sinto verdadeiro espanto no meu coração
Em constatar que o evangelho já mudou.
Quem ontem era servo agora acha-se Senhor
E diz a Deus como Ele tem que ser ...
Mas o verdadeiro evangelho exalta a Deus
Ele é tão claro como a água que eu bebi
E não se negocia sua essência e poder
Se camuflado a excelência perderá!
O evangelho mostra o homem morto em seu pecar
Sem condições de levantar-se por si só ...
A menos que, Jesus que é justo, o arranque de onde está
E o justifique, e o apresente ao Pai.
Mostra ainda a justiça de um Deus
Que é bem maior que qualquer força ou ficção
Que não seria injusto se me deixasse perecer
Mas soberano em graça me escolheu
É por isso que não posso me esquecer
Sendo seu servo, não Lhe digo o que fazer
Determinando ou marcando hora para acontecer
O que Sua vontade mostrará.
Refrão
O evangelho é que desvenda os nossos olhos
E desamarra todo nó que já se fez
Porém, ninguém será liberto, sem que clame
Arrependido aos pés de Cristo, o Rei dos reis.
Porém, ninguém será liberto, sem que clame
Arrependido aos pés de Cristo, o Rei dos reis.

Elucidação:
A cidade de Corinto está localizada na Grécia, ao Sul de Atenas e era uma das cidades mais importantes desde antes do 7º séc. a.C. Sua localização estratégica entre o Golfo de Corinto e o Golfo de Sarônico era sua garantia de prosperidade comercial. Era um ponto de parada natural na rota de Roma para o Oriente, e o lugar onde se encontravam várias rotas do comercio. Por volta do ano 146 a.C foi totalmente incendiada pelo cônsul romano L. Múmio; A cidade ficou desolada até que foi fundada como colônia romana por Júlio César, em 44 a.C. e recuperou grande parte da sua grandeza. Já no primeiro século da Era Cristã, era a capital da província romana de Acaia, e era regida por um procônsul.
Acredita-se que na época de Paulo cerca de 800 mil pessoas moravam em Corinto, sendo uma miscigenação de raças, incluindo gregos, romanos, e muitos judeus, ao ponto de haver ali uma sinagoga, bem como muitos escravos. Era, portanto, uma cidade cosmopolita, materialmente próspera, intelectualmente viva, moralmente corrupta ao ponto da expressão “corintianizar”, significar “vá para o Diabo”.
Corinto era um dos maiores centros de vida licenciosa do primeiro século. Tanto a prostituição como o homossexualismo era praticado abertamente na cidade em ligação com a prática religiosa. O templo da deusa Afrodite era comandado por cerca de mil prostitutas cultuais.
Corinto era um dos mais importantes centros da filosofia grega. Eles davam grande importância aos grandes filósofos, pensadores e oradores. Eles gostavam de ouvir belos e rebuscados discursos. A expressão “palavras coríntias” significava pretensão para a filosofia e letras.
Foi neste ambiente que Paulo iniciou a igreja de Corinto durante a sua segunda viagem missionária. Para essa Igreja, também, escreveu possivelmente quatro cartas, das quais duas estão registradas no Novo Testamento.
Escrevendo aos coríntios, o apostolo Paulo diz que eles “haviam sido enriquecidos em toda a palavra e em todo conhecimento (ICo.1:5) ... de maneira que não vos falta nenhum dom”(1:7). Porém a igreja de Corinto não era conhecida apenas pela riqueza de seus dons, mas, também pela abundância de seus problemas, de mundanismo, carnalidade e infantilidade.
Paulo foi informado que na igreja havia problemas de ordem moral, doutrinária e litúrgica. Havia divisões na igreja (1-4), frouxidão na disciplina (5:1), litígio entre irmãos (6:1) imoralidade (6:15), questões relacionadas com o casamento e o celibato (cap. 7), os fracos e os fortes na questão de comer carnes sacrificadas aos ídolos (8-10), desordem na Ceia (11:17-33), mal uso dos dons (12-14) e uma heresia sobre a ressurreição (cap.15). Tudo isso tinha um reflexo no culto onde reinava desordem e confusão.

Mas, mesmo havendo todos esses problemas o apostolo Paulo inicia essa carta dizendo:

“Paulo, chamado apóstolo de Jesus Cristo, e o irmão Sóstenes, à igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados para ser santos...”
Para só depois, começar a tratar os problemas que estavam ocorrendo, iniciando com a questão das divisões que estavam acontecendo entre eles. Após mencionar os partidos que havia, “cada um de vós diz: eu sou de Paulo, e eu de Apolo, e eu de Cefas, e eu de Cristo” (este era o partido dos que se achavam mais santarrões). Ele faz algumas perguntas que são o ponto de ligação com o texto que lemos, sobre o qual iremos falar: “Está Cristo dividido? Foi Paulo crucificado por vós? Ou fostes vós batizados em nome de Paulo?” E ele conclui dizendo: “Pois Cristo me enviou não para batizar, mas para evangelizar; não com sabedoria de palavras, para que a cruz de Cristo não se faça vã”

“Pois a mensagem da cruz é loucura para os que estão perecendo, mas para nós que estamos sendo salvos é poder de Deus”... (18)
“os judeus pedem sinais e os gregos sabedoria, mas nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus, e loucura para os gregos, mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, pregamos a Cristo poder de Deus e sabedoria de Deus... (22-24)
“Pois nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado”

Diante do argumento do apóstolo Paulo, dando completa ênfase a mensagem da cruz, podemos afirmar que:
TEMA: A MENSAGEM DA CRUZ É O LEMA DA VERDADEIRA PREGAÇÃO E PRODUZ UM CRISTIANISMO AUTENTICO:

O que é a mensagem da cruz?

§  Não é a descrição física da cruz que Jesus foi pendurado;
§  Não é pregação sobre temas relacionados com a cruz ou com a crucificação, como expiação, redenção, morte vicária ou mesmo a agonia do sofrimento Cristo morrendo na cruz;
§  A mensagem da cruz é assim chamada pelo seu conteúdo, sua mensagem em si, não apenas partes dela. Podemos compreender melhor esta expressão comparando-a com outros termos sinônimos desta mesma mensagem: o evangelho (Rm. 1:16); a mensagem da fé; o evangelho da graça (At. 20:24); a mensagem de Cristo; a mensagem da salvação etc;

Qual o lema da mensagem da cruz?
       I.        A mensagem da cruz revela ao homem qual sua real condição diante de Deus

A primeira condição da humanidade revelada na cruz é que ele é pecador e está morto em delitos e pecados. Se não fosse isto, Cristo não teria morrido na cruz.
Mas, como Paulo está vislumbrando já os resultados da morte de Cristo, ele classifica esta humanidade caída em dois grupos. Observe que, a mensagem da cruz divide a raça humana em dois grupos apenas, que são opostos entre si: os salvos e os perdidos.
Carson diz que “o mundo antigo empregava várias polaridades para descrever a humanidade: romanos e bárbaros, judeus e gentios, escravos e livres; porem nesta passagem Paulo apresentou a única polaridade que tem importância crucial; ele distinguiu “os que perecem e os que estão sendo salvos”.

1.    Para os que perecem essa mensagem é loucura e escândalo.
Para os gentios contemporâneos de Paulo, o relato da morte de Cristo numa cruz fora da cidade de Jerusalém era loucura; os romanos estavam acostumados com heróis de guerra e heróis não morrem, vencem; só os piores criminosos, ou os traidores da pátria, quem cometesse algum crime político como conspiração era condenado a morte de cruz, a pior e a mais vergonhosa pena de morte que havia na época; na visão dos gentios um Messias Rei não deveria ter um fim vergonhoso como este. Por outro lado os judeus esperavam um Messias vitorioso e triunfante, descendente de Davi, que viria subjugar o domínio romano e trazer libertação para a nação de Israel. Messias não morrem! A cruz para os judeus era um sinal de maldição e para eles o Cristo não poderia morrer pendurado no madeiro.
Por isso para os que estão perecendo esta mensagem é motivo de escândalo, é loucura.
Isso faz lembrar o profeta Isaias quando ele profetizou sobre o Servo Sofredor (cap.53), fala exatamente disso:
“Quem deu credito a nossa pregação e a quem se manifestou o braço do Senhor? ...
Segundo o profeta Jeremias a Palavra do Senhor era para os judeus coisa vergonhosa (6.10).

2.       Mas, para (nós) os que estão sendo salvos, é poder de Deus.

“Não me envergonho do evangelho de Cristo, pois ele é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crer” (Rm.1:16);
Só os redimidos pelo sacrifício da cruz, compreendem sua mensagem.
O próprio apostolo Paulo afirma isso mais adiante: “Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, pois lhe parecem loucura, e não podem entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas, o que é espiritual discerne bem a tudo, e ele de ninguém é discernido”
A mensagem da cruz divide a humanidade em dois grupos, revelando em que estado o homem se encontra, de salvo ou de perdido. Em qual destes dois grupos vocês está hoje? Qual deles representa seu estado diante de Deus?

        II.            A mensagem da Cruz traz um chamado divino para salvação e santificação
“É loucura para os que perecem (sim), mas, para nós os que estamos sendo salvos é o poder de Deus”

“...Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não conheceu a Deus por sua própria sabedoria, aprouve a Deus salvar os que crêem pela loucura da pregação...”
É impossível falar da cruz sem se referir ao maior ato de amor realizado sobre ela, a redenção do homem pecador.
1.       Primeiro esse chamado divino anula todas as tentativas humanas de encontrar a salvação.
“O mundo não o conheceu por sua própria sabedoria”
Esta sabedoria não é a sabedoria natural indispensável aos seres humanos para terem o discernimento da vida, sobre o certo e o errado, sobre a criação dos filhos, ou como fazer um bom negócio, que muitas vezes é adquirida com a experiência vivenciada. Certamente Deus não iria aniquilar esse tipo de sabedoria;  a sabedoria que Paulo se refere são as vãs filosofias, a busca pela razão; um tipo de sabedoria que desencadeava em um modo de vida, um modo de agir; era uma busca pelo sentido da vida;
Isto representa uma tentativa de chegar a Deus por meio de nossos próprios esforços. Por isso Deus rejeita. Nesse sentido o homem caído cai em idolatria, em soberba, em orgulho.
“Onde está o sábio”? (gregos) Eles desaparecem diante da verdadeira sabedoria de Deus revelada na mensagem da cruz. “não é por obras”. Desaparecer significa se tornarem fúteis.
“Onde está o especialista da lei” (judeus) gramateus, escriba. Os judeus ensinavam a lei, mas não aceitavam a mensagem da cruz, como cumprimento das escrituras, incluindo a própria lei. Pelo contrário buscavam salvação mediante as obras da lei. (Rm. 3:28)
“Onde está o inquiridor deste século?” o debatedor, ou orador. Como dissemos em Corinto havia uma admiração pela eloqüência, uma apreciação pelos oradores das praças. Mas, onde estavam eles que não chegaram a entender a mensagem da cruz?
A mensagem da cruz é sem duvida a mensagem do evangelho da graça de Deus. Não é por mérito, ou por demérito, mas, tão somente pela graça divina.
“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós é dom de Deus. Não das obras para que ninguém se glorie”
Na mensagem da cruz, não há lugar para vã glória; não existe glória a não ser do único digno de receber toda a glória. Porque dele, por ele e para ele, são todas as coisas, glória pois a ele, eternamente, amem! “Aquele que se gloriar glorie-se nele” (31)

2.       Esse chamado divino ocorre por determinação divina.
“Aprouve a Deus salvar os que crêem pela loucura da pregação”.
Quero voltar para a introdução dessa mensagem, citando um trecho do hino do Grupo Logos, que expresso exatamente o que este texto diz:
“Mas o verdadeiro evangelho exalta a Deus
Ele é tão claro como a água que eu bebi
E não se negocia sua essência e poder
Se camuflado a excelência perderá!
O evangelho mostra o homem morto em seu pecar
Sem condições de levantar-se por si só ...
A menos que, Jesus que é justo, o arranque de onde está
E o justifique, e o apresente ao Pai.
Mostra ainda a justiça de um Deus
Que é bem maior que qualquer força ou ficção
Que não seria injusto se me deixasse perecer
Mas soberano em graça me escolheu”...

Salvos por Deus pela graça por meio da fé. E a fé vem pelo ouvir a Palavra de Deus.

      III.            A mensagem da Cruz nos leva a centralizar toda nossa vida somente em Cristo (1: 22; 2:2)
“Os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria, mas nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os gregos.”
...“Pois nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado”.
Paulo está dizendo que não podemos procurar adequar a mensagem aos interesses dos ouvintes. Não há outra mensagem, nem outro evangelho, nem outro Cristo. Embora a mensagem da cruz traga em seu conteúdo a salvação do homem, não é ao homem que ela exalta, mas a Cristo.  O que é pregado? Cristo crucificado. Quem morreu pelos coríntios e por todos nós? Cristo, não foi Paulo, nem Maria, nem Pedro;
O evangelho é o evangelho de Cristo (Rm.1:16); seu tema é central é Cristo. Toda pregação deve ser cristocêntrica (At. 8:5, 35; At.9:20; 2 Co. 4:5);
Pois ninguém pode por outro fundamento, alem do que já está posto, o qual é Jesus Cristo.
Se Cristo não for o centro em nossa vida, nos desviamos do verdadeiro evangelho. Certamente a mensagem da cruz já não ecoa dos nossos púlpitos como outrora. A preocupação por atender ao apelo do mundo, aos interesses dos homens fez mudar o lema da pregação contemporânea. Já não é mais a mensagem da graça, mas do pague e receba as bênçãos; adquira a meia ou o chapéu de tal igreja e tenha uma vida prospera, receba a cura, ganhe um carro, uma casa;
Será este o evangelho que o apostolo Paulo deixou? Será esta a mensagem da cruz?
Não resta dúvida que o que Paulo via na igreja de Corinto era um desvio desta mensagem e isso estava dando lugar para todo tipo de prática pecaminosa no seio da igreja. O remédio para o problema era voltar para o fundamento da fé, a mensagem da cruz. Lá, a soberba é crucificada; a vaidade não prevalece; o pecado não prospera.
Não basta ser uma igreja que possui todos os dons do espírito, pois não são os dons que evidenciam o verdadeiro cristão e sim os frutos.
Como disse um teólogo: “Ser cheio do Espírito não é tanto uma questão de obter mais do Espírito, mas de ele possuir uma fatia maior da nossa vida”
“Qualquer doutrina que não se enquadre com as Escrituras Sagradas deve ser rejeitada, mesmo que através dela chova milagres.” (Martinho Lutero)
O que mais podemos falar? Só concluir afirmando:
Sá as Escrituras;
Só Cristo;
Só a graça;
Só a fé;
Só a Deus gloria!

Porque dele, por ele e para ele são todas as coisas; gloria, pois a ele eternamente, amem!

O CONVITE DE JESUS

MATEUS 11:28-30

O homem tem falhado na sua busca por restaurar o relacionamento com o criador. Quando pecou, no jardim do Éden, foi expulso da presença de Deus perdendo o relacionamento que havia entre ele e Deus.
A partir desta ocasião o homem tem feito inúmeras tentativas para chegar a Deus e ser aceito de novo por Deus. Uma delas tem sido a busca por uma religião. Temos ouvido muitos afirmarem: “Todos precisam ter uma religião”. “Não importa qual seja a religião, todas são boas e nós precisamos ter uma”; ou, “Todos os caminhos levam a Deus”.
A palavra religião vem do latim religare, que quer dizer “religar”, “unir outra vez”; ainda reeligere, “reeleger”, “nova escolha”. “Conjunto de crenças, leis e ritos em um ser superior com o qual o ser humano se relaciona”.
No entanto, para Deus não basta ter uma religião ou mesmo sermos muito religiosos. Aos olhos de Deus, o que para nós serve de exemplo, pode não passar de farisaísmo. Deus vê o interior, o coração e não apenas o exterior.
Diante da pergunta de João Batista se Jesus era o Cristo, ou se deveriam esperar outro, Jesus chega a este desfecho, após responder aos seguidores de João que como Messias ele veio cumprir o que sobre ele estava escrito (Is. 61:1-3), fez elogios a João como o maior e ultimo dos profetas veterotestamentários.  Em seguida Jesus declara os “ais” contra as cidades de Betsaida e Corazim, finalizando com uma oração dando graças por Deus ocultar “estas coisas” dos sábios e entendidos, e revelar aos pequeninos. 
É nesse contexto que Jesus faz o seu mais famoso convite, o “Vinde a mim”.
Não se trata de um simples convite. Não era para ir a uma festa, nem tão pouco para ouvir mais um dos seus ensinos, ou ver outro milagre. Este convite demonstra algumas verdades importantes:
1. É um convite que confronta com uma situação espiritual: é para os cansados e sobrecarregados (28a). Quando Jesus diz: “Vinde a mim”, de início o convite já implica em deixar de seguir a outro; implica em ter que reconhecer que os mestres que eles seguiam não estavam ensinando corretamente e que eles nunca chegariam a Deus; Há um confronto!
Ele diz: “Vinde a mim, todos que estais cansados e sobrecarregados”... De que? Por quê? O que causava o cansaço? Qual era o tipo de carga, ou de sobrecarga? Comparando este versículo com o 29, percebemos que a carga era um tipo de julgo, que os judeus estavam carregando. O que significa isto?
O jugo, literalmente, significa uma canga colocada no pescoço do boi. Como Jesus estava falando de forma metafórica, devemos entender o que significava este “jugo”.
Era comum no judaísmo falar do “jugo da lei”, uma expressão que implicava profundo estudo da Torá e na obediência a ela como meio de se obter a aceitação de Deus. Cada mestre tinha seu jugo, ou seja, normas, regras, obrigações, e os seguidores deveriam aceitar levar este jugo; Quanto mais pesado fosse o jugo, mais valor tinha o mestre. Nos dias de Jesus, os escribas e fariseus estavam impondo um fardo pesado sobre os judeus, que nem eles mesmos podiam levantar (Mt. 23:4). Além da lei de Moises, eles criaram mais de 600 normas acrescentadas sobre a lei e exigiam obediência a estas normas, bem como a Torá, como meio de ser justificado dos seus pecados. Segundo declara Hendriksen:
“O convite de Jesus é direcionado àqueles, cujas costas os fariseus haviam lançado pesados fardos, pesadas cargas, exigindo meticulosa obediência não só da lei propriamente dita, mas também das intrigadas elaborações que dela fizeram”.
2. É um convite exclusivo para ir a Cristo e segui-lo: “vinde a mim”, “aprendei de mim”, “tomais sobre vós o meu jugo”. O convite é exclusivo porque é para ir a Jesus. Não está se tratando de ter uma nova religião, ou de acrescentar mais fardo em cima dos que já existem.
O que significa ir a Jesus? “O que significa ir a Jesus é claramente descrito em João 6:35: ‘O que vem a mim de modo algum terá fome, e o que crê em mim de modo algum terá sede’. É obvio, à luz dessa passagem, que “ir”, significa “crer” nele. Essa fé é reconhecimento e confiança, tudo de uma vez” (Hendriksen). Ao ir a Jesus ele, nos reconcilia com Deus, pois somente Ele “é o caminho a verdade e a vida (Jo.14:6); é o único mediador entre Deus e os homens (II Tm. 2:5) e o único nome pelo qual importa que sejamos salvos (At.4:12);
Nas palavras de J. C. Ryle, esta exclusividade reivindicada pelo próprio Jesus é evidenciada ainda porque ele disse: “Tudo me foi entregue por meu Pai”. Ryle continua: “Ele tem a chave. Para ir ao céu, precisamos ir até ele. Ele é a porta. Precisamos entra por intermédio dele. Ele é o pastor das ovelhas, precisamos ouvir sua voz e segui-lo. Ele é o medico da alma. Precisamos consulta-lo se quisermos ser curados da praga do pecado. Ele é o pão da vida. Precisamos nos alimentar dele, se quisermos que nossas almas sejam satisfeitas. Ele é a fonte da vida. Precisamos lavar-nos no seu sangue, se quisermos ser purificados e preparados para o grande dia da prestação de contas”.
Jesus fala de aprender dele, de se tornar um discípulo de Jesus e tomar o jugo de Jesus em troca do jugo dos fariseus. Naquele tempo a expressão “tomar o jugo” significava tornar-se um discípulo. Se compararmos estas palavras com o que Jesus ensinou no sermão do monte, podemos extrair importantes lições. Aqui Jesus diz: “Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração. E achareis descanso para as vossas almas”. Em Mateus 5:1-12, Jesus fala das Bem-aventuranças, isto é, achar a verdadeira felicidade em Jesus. A primeira bem-aventurança é para os humildes de espírito. Mais adiante Jesus vai também falar outra bem-aventurança para os mansos. O que estes dois textos possuem em comum? Ir a Jesus, aprender dele e levar o seu fardo, implica em reconhecer sua incapacidade de justiça própria, e isto significa se esvaziar de si mesmo, não se encher de orgulho espiritual como faziam os judeus. Uma pessoa mansa, é rendida ao Senhorio de Jesus, não procura inimizade com o próximo e quer ter a paz de Deus em sua vida. O que os judeus deveriam fazer era somente crer em Jesus, reconhecer que Ele era o Cristo e segui-lo.
3. É um convite para achar alivio e descanso espiritual (29,30). “Jesus lança seu convite às almas cansadas, não apenas a corpos cansados”. É bem verdade que o alivio da alma alcança, por tabela, todas as áreas da nossa vida, mas Jesus tem muito mais a oferecer ao homem do que apenas curas para as enfermidades, libertação de demônios, mortos ressuscitados, suprimento de alimento para a fome etc.
As pessoas estavam sobrecarregadas pelo legalismo do judaísmo farisaico, incapaz de trazer justificação dos seus pecados. O sentimento de culpa, que não traz arrependimento e conversão gera opressão espiritual. Quando não há comunhão com Deus, falta a paz interior. O convite de Jesus é para termos alívio para a alma, e isto só é possível quando o homem pecador tem de volta o seu relacionamento com o seu criador.  Ryle afirma o seguinte: “Em Cristo encontramos descanso – descanso para a consciência e para o coração, descanso fundamentado no perdão, descanso que é resultado da paz com Deus”. Ao irmos a Jesus temos paz com Deus; ao aprender dele e tomar o seu fardo temos a paz de Deus. No discurso do apóstolo Pedro, registrado em Atos 3:19, ele diz: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham assim os tempos do refrigério pela presença do Senhor”.
Jesus não promete uma vida sem problemas ou livre de sofrimento ou de perseguições. Quando Jesus diz: “o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”, Ele não está chamando seguidores para viver uma vida sem compromisso, ou sem obrigações morais. O problema do “jugo da Torá”, não estava no fato de se obedecer aos mandamentos do Senhor. Pelo contrário, o Salmo 19:7 diz: “A lei do Senhor é perfeita e restaura a alma”. O problema era a maneira como esta lei estava sendo ensinada e os acréscimos que foram dados a ela. “Jesus não promete uma vida de inatividade ou repouso, nem isenção de tristezas ou lutas”. Sem duvida existe a cruz para carregarmos, se quisermos seguir a Jesus. “Aquele que quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e siga-me”; “Mas, o consolo do evangelho ultrapassa em muito o peso da cruz”, acrescenta Hendriksen.
Mas, o jugo de Jesus é suave e o seu fardo é leve, porque somos salvos pela graça por meio da fé (Rm. 3:28; Ef.2:8-10). Ir a Jesus significa crer que ele veio buscar e salvar o que se havia perdido. “É um jugo da fé, e a fé ergue todos os fardos” (Ryle).
É leve e suave porque a graça de Deus nos capacita a carregarmos os fardos sem confiarmos em nós mesmos, mas na dependência da ajuda de Jesus, que transporta ao nosso lado nos ajudando a carregar a cruz.
A Lei, em si mesma, leva a condenação. Por meio da lei veio o conhecimento do pecado e com a lei a condenação. “Porque o fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê”. (Rm.10:4). “De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados”. (Gl.3:24).
Quando servimos a Cristo, nos tornando seus verdadeiros discípulos nossa obediência a Ele e aos mandamentos do Senhor não se tornam pesados: “Porque este é o amor de Deus: que guardemos os seus mandamentos; e os seus mandamentos não são pesados”. (1 João 5:3)

Conclusão
 “Você pode ter sido batizado na igreja, criado na igreja, servido na igreja. Pode ser que tenha se casado na igreja, morrido na igreja, ter sido velado na igreja e ainda assim acordar no inferno caso esteja meramente na igreja e não em Cristo”. (Mark Driscoll)

Pr. Raimundo Linhares
No dia do Senhor (18 de agosto de 2013)
IEC Ebenézer - Catolé do Rocha/PB