AS MARCAS DO AMOR DE DEUS



Texto: Rm. 5. 6-11
Introdução
A carta de Paulo aos Romanos é muito mais que simplesmente uma carta, é um tratado teológico. É o maior compêndio de teologia do Novo Testamento. É a epístola das epístolas, a mais importante e proeminente carta de Paulo.
Nenhum livro da Bíblia exerceu tanta influência sobre a teologia protestante e foi fonte de grande inspiração durante os tempos da Reforma, e depois dela. Na realidade, cada grande avivamento religioso tem emanado do estudo de Romanos. Calvino chegou a declarar que, se atingirmos uma verdadeira compreensão quanto a essa epístola, teremos uma porta aberta para todos os tesouros mais profundos das Escrituras.
Nenhum livro da Bíblia teve maior influência na história da igreja que a carta aos Romanos. Esta epístola, provavelmente mais que qualquer livro da Bíblia, tem influenciado a história do mundo de formas dramáticas.
Elucidação:
Não sabemos ao certo como esta igreja surgiu em Roma, mas acredita-se que tinha sua base em uma colônia de judeus cristãos que viviam na capital do império.
Paulo escreveu esta carta, por volta do ano 57 d. C. três anos antes de ir a Roma, como prisioneiro. Embora esta carta já circulasse pelo fim do primeiro século em varias outras igrejas e tenha sido citada por pais da igreja de várias regiões existe pouca duvida de que ela não tenha sido escrita primeiramente aos romanos.
A mensagem da carta é bastante clara em virtude das repetições que Paulo faz do tema central da epistola, a justificação pela fé, começando com o vs. 17 que é considerado o texto chave deste livro.
O conjunto de textos que antecedem a passagem que lemos pode ser dividido, como fazem alguns comentaristas, da seguinte forma: a necessidade de justificação (1.18-3.20) e do meio pelo qual fomos justificados (3:21 – 4:25), no capitulo 5 o apostolo descreve os frutos da justificação, ou suas bem-aventuradas consequencias.
Uma destas consequencias é a revelação e dádiva do amor de Deus que é derramado em nossos corações. Existe uma ligação do vs. 5 com o que vamos ver a seguir dos vss. 6 – 8. O tema do amor continua, mas agora explicando o próprio contexto do vs. 5.
Queremos destacar o verso oito que é o verso chave desta sessão e assim verificarmos algumas das marcas deste amor:
“Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores”
1. É um grande e perfeito amor (8)
“Deus prova o seu próprio amor”, lit. o amor próprio dele.
É fundamental sabermos uma importante verdade das Escrituras: Deus nos ama. Isto não é um fato dos tempos passados ou apenas para época que a Bíblia foi escrita. É uma boa nova. Uma boa noticia! É o cerne do Evangelho. Esta verdade esta descrita no versículo mais conhecido em todo mundo, João 3.16:
“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu Filho Unigênito para que todo aquele que nele não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo.3:16)
O amor de Deus para conosco é o mais puro, sincero e perfeito amor; não há como compará-lo a nenhum em grandeza e em perfeição. Este amor não pode ser comparado com sentimentos humanos. O apostolo João o chama de “o perfeito amor” (I Jo. 4.18), porque diz que ... “O amor procede de Deus”... “Porque Deus é amor” (I João 4.7,8)
Não é um amor poético, de romance ou de novela. “É o amor próprio dele”. Tão grande que não pode medir. Tão grande que há palavras para descrevê-lo. Foi preciso ser demonstrado na cruz. Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos. (João 15:13)
Como diz John Sttot em seu livro A Cruz de Cristo, se estamos procurando uma definição de amor, não devemos ir ao dicionário, mas ao calvário”.
Um hino antigo, mas mui belo diz assim: se os mares todos fossem tintas e o céu azul fosse papel, se arvores todas fossem penas não seria possível descrever este amor.”
João ainda escreve em I Jo. 3.1: “Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus...”
“Deus ama a cada um dos seus como se houvesse apenas um deles para amar”.
J. Blanchard
2. É um amor incondicional (vs. 8)
“Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós sendo nós ainda pecadores”
Dizer que o amor de Deus é incondicional significa uma única coisa: nós não merecemos esse amor, não merecemos ser amados por Deus como ele nos amou.
Somos descritos como inimigos naturais de Deus. Essa inimizade é expressa em nossa rebeldia pecaminosa contra Ele.
Deus nos ama não por causa dos nossos méritos, mas por querer amar. Não havia nada em nós que levasse Deus a nos amar como ele nos amou a ponto de dar seu único Filho para morrer por nós. “Deus prova seu próprio amor para conosco, pelo fato de ter Cristo morrido por nós sendo nós ainda pecadores”.
O Rev.Hernandes Dias Lopes, em um dos seus programas afirmou sobre esse amor incondicional o seguinte:
“Quando nós amamos alguém é porque esse alguém atrai o nosso amor. Deus ama incondicionalmente. A causa do amor de Deus não está em você, não está em mim, mas nele mesmo. Deus amou-nos quando não havia nada de bom para ser visto em nós, e nada de bom para ser dito por nós”.
“Deus amou-nos quando não havia nada de bom para ser visto em nós, e nada de bom para ser dito por nós”.
(Donald Grey Barnhouse)
A única base do amor de Deus é seu próprio amor.
(Thomas Brooks)
As expressões usadas pelo apostolo Paulo nos versos 6 ao 10 atestam quem de fato somos e por quê não merecemos tão grande amor:
O verso 6 diz: “Quando éramos ainda impotentes” “fracos”, “incapazes”...” morreu a seu tempo pelos ímpios”
O verso 7 o argumento de Paulo é o seguinte: “mesmo por alguém que é justo ou bom, dificilmente você acharia alguém disposto a dar a sua vida – mas pode ser que alguém chegasse ao ponto de querer morrer por uma pessoa boa ou justa – MAS O AMOR DE DEUS SE VER EM CRISTO DAR SUA VIDA POR AQUELES QUE NÃO ERAM NEM JUSTOS NEM BONS, SENÃO IMPIOS E PECADORS.
Logo como disse Murray: “em nós não havia bondade alguma que atraísse seu amor. Nenhum mérito da nossa parte poderia ter movido Cristo a morrer por nós, porquanto ele morreu por nós quando éramos ainda pecadores”.
- Quem morreria por alguém nestas condições? Somente quem ame com amor incondicional. Que não espere recompensa ou encontre motivo para dar a sua vida em lugar da outra pessoa.
“Não foi a morte de Cristo que levou Deus a nos amar, foi seu amor que levou Cristo a morrer por nós” “sendo nós ainda pecadores”; “impotentes”; condenados a ira; “inimigos de Deus”
ILUSTRAÇÃO: Certo missionário pregava o evangelho aos detentos de um presídio. Ele viu, no fundo de uma das celas, um homem sentado, isolado, com as vestes rasgadas e cara de poucos amigos. Aquele pregador há havia sido informado de que aquele preso era considerado dos mais perigosos. Mesmo assim aproximou-se dele, sentou-se ao seu lado e perguntou-lhe, simplesmente: "Você sabe que Jesus ama você?" Bastou isto e lágrimas começaram a rolar por aquele rosto marcado pelo ódio, pela violência e pelo pecado. Ele inclinou a cabeça e as lágrimas caíram sobre o chão sujo da cela. Passado algum tempo, com a voz ainda embargada, ele respondeu: "Não, senhor. Para dizer a verdade, até este momento eu nunca soube que alguém me amasse". Aquelas palavras produziram uma mudança profunda e maravilhosa no coração do criminoso. Ele se converteu, mudou de atitude e de comportamento; regenerou-se. Hoje é um crente fiel, um chefe de família responsável, perfeitamente integrado à sociedade.
3. É um amor eterno (6)
Morreu a seu tempo pelos ímpios”
Ele morreu por nós no tempo designado por Deus, não por nós. Esse amor tem raízes em sua eterna aliança de redenção, em seu plano concebido antes da fundação do mundo. Desde toda a eternidade, existia seu plano de demonstrar seu amor salvando seus eleitos.
Ele é o cordeiro que foi morto antes da fundação do mundo. Deus é eterno. Por isso seu amor pelos seus eleitos é eterno.
Compreender a eternidade de Deus é importante, como disse Sproul, porque sem algum entendimento desse atributo, nossa compreensão do amor de Deus ficará empobrecida. É que o amor de Deus é um amor eterno. Como ele existe para sempre e sempre, também o seu amor. Não se trata de um amor inconstante que esfria e esquenta com o tempo.
Foi este amor eterno que Jeremias fala dele em seu livro, cap. 31.3: “De longe se me deixou ver o Senhor dizendo: com amor eterno eu te amei; por isso com benignidade te atrai”. ... “Quando Israel era menino eu o ame;i e do Egito chamei o meu filho”... “atrai-os com cordas humanas e laços de amor”(Os.11.1,4)
4. É um amor sacrificial (9, 10)
“Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós sendo nós ainda pecadores”
“Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira”(vs9)
“Porque, se nós, quando, inimigos fomos reconciliados com Deus mediante a morte do seu Filho, muito mais agora seremos por ele salvos pela sua vida” (10)
“Seu sangue”, aqui indica sacrifício, o que é sinônimo de mediante a morte do seu filho vs. 10
“JUSTIFICADOS, POIS MEDIANTE A FÉ TEMOS PAZ COM DEUS POR NOSSO SENHOR JESUS CRISTO” (vs. 1)
Precisamos lembrar que a essência do amor consiste em dar. “Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu Filho Unigênito...” “que me amou e a si mesmo se entregou por mim”.nisto conhecemos seu amor: que Cristo deu sua vida por nós...” (I Jo. 3:16)
"Deus amou tanto que deu..."! E a doação - tendo no centro o Calvário - não foi uma gota, mas uma torrente.
(Paul S. Rees)
Muitos tem interpretado mal o amor de Deus. “Se Deus é amor como ele pode ser capaz de condenar aqueles que ele criou como sua imagem e semelhança e lança-los num inferno para sempre?”
O amor de Deus não anula a sua santidade, nem tão pouco sua justiça, pois ele é amor, mas, também é justiça. “Ele é tão puro de olhos que não pode ver o mal.”(Hbc. 1:13)
O amor de Deus não é uma bondade natural permissiva como muitos imaginam e por isso o arrastam na lama; é rigidamente justiça e por esse motivo Cristo morreu.
(Donald Grey Barnhouse)
Deus não deixou nossos pecados impunes quando nos amou. A justiça divina tinha que ser satisfeita (Rm.3.23 – 26) Por isso ofereceu um substituto capaz de expiar os nossos pecados, pagando a divida que havia contra nós.
“No qual temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça...” (Ef. 1.7). Isaias 53, 4-5,7,10 o profeta diz que “Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputamos ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas inquidades; o castigo que nos trás a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados... Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a sua boca. Como cordeiro foi levado ao matadouro. E como ovelha muda perante os seus tosquiadores ele não abriu a sua boca.
“Eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. Aquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por nós, para que por ele fossemos feitos justiça de Deus.
5. É um amor inseparável (10,11)
“Porque, se nós, quando, inimigos fomos reconciliados com Deus mediante a morte do seu Filho, muito mais agora seremos por ele salvos pela sua vida” (10)
“E não apenas isto, mas também nos gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, por intermédio de quem recebemos, agora, a reconciliação” (11)
‘Romanos 8: 35 - 39: “Quem nos separará do amor de Cristo?” “Nada poderá nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus nosso Senhor”.
Sproul comentanto esta passagem diz: “Nesta passagem, o apostolo apresenta o principio qye chamou a atenção dos reformadores do séc. 16: ‘Deus por nós’. A origem do conforto do cristianismo não é que sejamos por Deus nem que estejamos ao seu lado. Ao contrario, é Deus que é por nós e está ao nosso lado”
Paulo faz uma pergunta retórica: “Se Deus é por nós quem será contra nós?” a resposta, obviamente é: “Ninguém”!
A base da nossa segurança não está no nosso amor por ele, mas no seu amor por nós.
Não há perigo claro e presente, nem ameaça futura que tenha poder de nos separar dele. As forças da natureza, as forças do governo, as forças do inferno, nda tem a habilidade de nos afastar do amor de Deus. Em face do amor de Deus em Cristo, esses poderes são considerados inoperantes, pois somos mais do que vencedores pro aquele que nos amou.
Conclusão
  1. Um motivo para estarmos firmes na fé (vs.2)
  2. Gloriar-nos na esperança da gloria de Deus (vs.2; ver I Co.1.31; II Co.10.17))
  3. Suportarmos as tribulações (3-5)
  4. Darmos uma resposta de amor a Deus (II Co.4.14)
“O amor é a única coisa com que podemos pagar a Deus na mesma moeda... Não podemos pagar-lhe tintim por tintim, mas devemos amá- lo generosamente”.
Thomas Watso
  1. Amarmos uns aos outros (I Jo. 4:11)
“Amados se Deus de tal maneira nos amou, devemos nós também amar uns aos outros”
"Amor, que por amor desceste,
Amor, que por amor morreste,
Oh! Quanta dor não padeceste,
Meu coração p'ra conquistar,
E meu amor ganhar.
Amor que nunca, nunca mudas,
Que nos teus braços me seguras,
E cerca-me de mil venturas.
Aceita agora, ó Salvador,
O meu humilde amor."

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